Quando os impostos eram… estranhos

Quando os impostos eram… estranhos

Hoje não somos surpreendidos por impostos sobre renda, terra ou propriedade. Mas a história conhece impostos muito mais incomuns.

— Janelas (Inglaterra, 1696)

Quanto mais janelas, maior o imposto. Você queria luz na casa? Pagar. O resultado: janelas emparedadas por toda a Inglaterra.

O imposto sobre janelas foi introduzido na Inglaterra em 1696 como uma forma de taxar a riqueza de maneira indireta: acreditava-se que quanto mais janelas uma casa tinha, mais rica era a família. Assim, o governo cobrava impostos de acordo com o número de janelas de uma residência.

Só que isso gerou um efeito curioso: muitas pessoas passaram a emparedar janelas para evitar o pagamento. Resultado? Cidades com casas escuras e mal ventiladas, o que inclusive teve impacto negativo na saúde pública.

Esse imposto ficou tão marcado que até hoje é possível ver paredes com janelas fechadas por tijolos em edifícios antigos no Reino Unido. Ele só foi abolido em 1851, depois de muita crítica, inclusive de médicos, por prejudicar a higiene e o bem-estar das pessoas

— Barba (Rússia, 1698)

Pedro I ordenou: se você quer barba, pague. Caso contrário, faça a barba.

Em 1698, o czar Pedro I da Rússia (Pedro, o Grande) instituiu o imposto sobre a barba como parte de sua campanha de modernização e ocidentalização do país. Inspirado pela Europa Ocidental, ele queria que os russos adotassem os costumes europeus — e isso incluía o rosto barbeado, símbolo de civilização para ele.

Quem quisesse manter a barba tinha que pagar uma taxa e recebia uma ficha de metal como comprovante, com a inscrição: “A barba é um fardo inútil.” Já os que não pagavam eram obrigados a se barbear na marra, muitas vezes em público.

Esse imposto não era só financeiro, mas também cultural e simbólico: representava a tentativa de Pedro de quebrar tradições ortodoxas e impor um novo padrão de identidade nacional, mais alinhado ao Ocidente.

— Sal (França, antes da década de 1790)

Gabel é um imposto sobre o sal, um dos mais odiados.O imposto sobre o sal na França antes da década de 1790 era chamado de gabela (gabelle). Era um dos tributos mais impopulares do Antigo Regime, pois obrigava os franceses a comprar uma quantidade mínima de sal a um preço fixo e alto, imposto pelo Estado. Além disso, havia grandes desigualdades regionais: em algumas regiões o sal era barato ou isento, em outras extremamente caro. Isso incentivava o contrabando e gerava revoltas. A gabela foi um símbolo da injustiça fiscal e um dos motivos de insatisfação popular que ajudaram a desencadear a Revolução Francesa.

— Chapéu (Inglaterra, século XVIII)

Até os chapéus eram taxados! Para cada chapéu. Os comerciantes eram obrigados a manter registros. Parece ridículo? Bem, não.

Sim, por mais absurdo que pareça hoje, no século XVIII, a Inglaterra realmente implementou o imposto sobre chapéus! Criado em 1784, esse tributo era uma forma criativa (e bem inconveniente) de arrecadação do governo.

Aqui vai o resumo:

  • Quanto mais caro o chapéu, maior o imposto.

  • Os comerciantes precisavam de uma licença e tinham que manter registros detalhados de cada venda.

  • Era até exigido que um selo oficial fosse colado dentro do chapéu, provando que o imposto tinha sido pago.

O objetivo era, mais uma vez, taxar o consumo de quem tinha mais dinheiro — já que usar chapéu era um símbolo de status. Mas, claro, isso afetava todo mundo, e o controle era tão rígido que fraudar o imposto podia levar à pena de morte.

O imposto foi tão impopular e difícil de manter que acabou sendo abolido em 1811. Mais um exemplo criativo (e bizarro) de como os governos tentavam arrecadar dinheir0.

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