O Brilho que se Apagou: A Ascensão e Queda das TVs de Plasma
As TVs de plasma já simbolizaram o que havia de mais avançado em entretenimento doméstico. Eram consideradas um luxo, adornando salas de estar e prometendo qualidade de imagem quase cinematográfica. Suas cores vibrantes, pretos profundos e amplos ângulos de visão encantaram milhões. Hoje, no entanto, essa tecnologia é apenas uma memória. O que levou ao seu declínio? E será que um dia pode voltar? Vamos mergulhar nessa história fascinante.
História da tecnologia Plasma
A história das TVs de plasma começou em 1964 em um laboratório da Universidade de Illinois. Os cientistas Donald Bitzer, Gene Slottow e seu aluno Robert Wilson trabalharam no projeto PLATO, tentando criar um monitor para computadores educacionais que fosse mais leve que os volumosos terminais CRT. A invenção deles revelou-se engenhosa: um painel de muitas células minúsculas preenchidas com uma mistura de xenônio e neon, intercaladas entre duas placas de vidro. Uma carga elétrica converteu o gás em plasma, fazendo com que os fósforos brilhassem e formassem uma imagem. Assim nasceu uma tecnologia que, décadas depois, mudaria nossos lares.
Por muitos anos, o plasma permaneceu uma curiosidade de laboratório, mas na década de 1980, os fabricantes de eletrônicos se interessaram por ele. Em 1992, a empresa japonesa Fujitsu lançou uma tela de plasma de 21 polegadas e, em 1997, lançou a primeira TV de mercado de massa com uma diagonal de 42 polegadas. Seu preço de vinte mil dólares fez dele um brinquedo de homem rico, mas foi um ponto de virada. Logo, Philips, Pioneer, Panasonic, Samsung, LG e NEC entraram na corrida, e o plasma começou a conquistar o mundo. Ao contrário das TVs CRT, que ocupavam metade de um cômodo e pesavam tanto quanto um gabinete, as de plasma ofereciam telas finas que podiam ser penduradas na parede, inaugurando uma nova era.
No início dos anos 2000, o plasma dominou o mercado de telas grandes. Os LCDs ainda não conseguiam competir em qualidade em diagonais acima de 40 polegadas, e o plasma preenchia esse nicho. Em 2005, as vendas atingiram seis milhões de unidades por ano e, em 2010, o mercado atingiu o pico de dezoito milhões e quatrocentos mil TVs, de acordo com estimativas da empresa de pesquisa Omdia. Modelos como o Panasonic Viera PA30, um dos primeiros da linha, e o Pioneer Kuro estabeleceram o padrão que todos aspiravam.
Vantagens – o que eles amaram
Não é por acaso que o plasma conquistou o coração de milhões. A qualidade da imagem era algo incrível para a época. Cada pixel brilhava sozinho, sem luz de fundo, criando pretos profundos e uma taxa de contraste que chegava a dez mil para um. As cores eram tão vivas que filmes e esportes pareciam quase a vida real.
Amplos ângulos de visão tornam o plasma ideal para grupos grandes. Ao contrário dos primeiros LCDs, em que a imagem desvanecia quando vista de lado, o plasma permanecia brilhante e claro de qualquer ângulo. A alta taxa de atualização garantiu movimentos suaves e sem desfoque. Filmes de ação, partidas esportivas e videogames ganharam vida na tela.
O tamanho da tela foi outro trunfo. O plasma tornou possível criar painéis de 42 a 65 polegadas e, em 2010, a Panasonic apresentou um protótipo de 152 polegadas com resolução 4K na CES, que surpreendeu a todos. Essas TVs podem ser penduradas na parede, transformando a sala de estar em um home theater. Em uma época em que os CRTs ainda ocupavam metade da sala, o plasma foi uma revolução: tornou as telas grandes uma realidade para as pessoas comuns.
Problemas com TVs de plasma
Mas mesmo em seu auge, o plasma não era perfeito. Seu consumo de energia tem sido uma preocupação desde o início. Uma TV de 50 polegadas pode usar entre 250 e 400 watts, especialmente se cenas brilhantes dominarem a tela. Em comparação, os LCDs costumavam funcionar com cem ou duzentos watts. A Panasonic reduziu o consumo em modelos posteriores, como o Viera VT60, mas o plasma nunca se tornou um modelo econômico, o que preocupou aqueles que estavam contabilizando os custos de eletricidade.
O brilho continuou sendo um ponto fraco. As telas de plasma produziam entre 80 e 150 nits, o que fazia com que a imagem parecesse mais pálida do que o desejado em salas iluminadas. Em lojas onde as TVs eram expostas sob luzes brilhantes, os plasmas eram superados pelos LCDs, que facilmente atingiam quatrocentos nits. Os compradores notaram a diferença imediatamente, e isso influenciou sua escolha, mesmo que em casa, com pouca iluminação, o plasma se revelasse em toda a sua glória.
A queima de tela se tornou um problema sobre o qual todo mundo está falando. Elementos estáticos — logotipos de canais, noticiários ou interfaces de videogame — podem deixar marcas se ficarem na tela por muito tempo. Jogadores que passavam horas em consoles frequentemente reclamavam que suas telas estavam perdendo a aparência original.
A produção também acrescentou complicações. Os painéis de plasma eram pesados — um modelo de 50 polegadas pesava de 30 a 40 quilos devido à sua construção em vidro e componentes eletrônicos complexos, enquanto os LCDs pesavam 20. Os painéis de alta resolução eram caros de produzir, e havia muita produção defeituosa, forçando as empresas a aumentar o preço das telas de qualidade. Além disso, o plasma gerava calor e às vezes produzia um leve zumbido no sistema de resfriamento, o que poderia ser irritante em um ambiente silencioso.
À medida que o mercado começou a exigir resoluções cada vez maiores, o plasma atingiu seus limites. Aumentar a densidade de pixels provou ser uma tarefa desafiadora. À medida que o Full HD se tornou a norma e o 4K surgiu no horizonte, a tecnologia começou a ficar para trás. A Panasonic conseguiu lançar um modelo de 42 polegadas com 1080p, mas mesmo assim não foi um sucesso devido ao preço e às dificuldades de fabricação.
Concorrência
No final dos anos 2000, o plasma começou a perder terreno. As TVs LCD, que por muito tempo foram de qualidade inferior, estavam rapidamente se tornando populares. Novos tipos de iluminação os tornaram mais brilhantes, leves e econômicos. Os preços dos LCDs caíram porque sua produção foi apoiada por dezenas de empresas, incluindo chinesas e taiwanesas. Em 2010, o LCD ultrapassou o plasma em vendas, conquistando o mercado de TVs de médio a grande porte.
O plasma exigiu grandes investimentos em pesquisa para superar suas fraquezas, mas tais esforços não foram suficientes. Samsung e LG, as principais empresas do mercado, viam o plasma como uma solução temporária, concentrando-se no LCD. Para as empresas coreanas, o plasma era um seguro caso os LCDs não correspondessem às expectativas. Seus recursos financeiros permitiram que investissem bilhões de dólares em pesquisa, construção de fábricas e produção em massa de LCDs, o que reduziu o custo das TVs. A Panasonic e a Pioneer não tinham tais meios. Eles se concentraram em melhorar os painéis de plasma, mas os altos custos de produção e orçamentos menores os impediram de produzir TVs a preços competitivos ou de escalar a tecnologia tão rapidamente quanto os coreanos. Em 2012, a participação de mercado do plasma caiu para 5,5%, enquanto o LCD representava cerca de 85%, de acordo com a DisplaySearch.
O advento do OLED foi fatal para o plasma. Essa tecnologia oferece pretos ainda mais profundos, suporte para resoluções de até 4K e menor consumo de energia. As primeiras TVs OLED da LG, lançadas em 2013, resolveram as principais deficiências do plasma, alcançando maior brilho e funcionando em condições mais claras.
Fim de uma era
O declínio do plasma começou em 2010, quando suas vendas começaram a cair. Os fabricantes enfrentaram perdas: os altos custos de produção não foram recuperados devido à queda na demanda. O primeiro sinal de alerta foi a saída da Pioneer do mercado em 2010. A empresa vendeu parte de sua tecnologia para a Panasonic, esperando que ela continuasse o negócio, mas isso não salvou o plasma. As TVs Kuro, que muitos consideravam o ápice da qualidade, simplesmente desapareceram.
De acordo com o NPD Group, o plasma representou menos de 2% do mercado global de TV em 2013. No mesmo ano, a Panasonic, principal defensora do plasma, anunciou que encerraria a produção em março de 2014. A empresa explicou isso pela incapacidade de competir com a escala da indústria de LCD. Como seus representantes observaram, o mercado exigia soluções cada vez mais baratas e universais, e o plasma não conseguia atender a essas expectativas. A LG e a Samsung seguiram o exemplo, eliminando suas linhas até o final de 2014.
Modelos recentes como o Panasonic Viera VT60 e o Samsung F8500, prontos para 3D, receberam ótimas críticas por sua qualidade, mas mesmo eles não conseguiram virar o jogo. As linhas de produção começaram a fechar e, em 2015, a tecnologia desapareceu completamente das vendas.
Por que o plasma não será revivido?
O retorno do plasma em 2025 é quase uma fantasia. As linhas de produção foram desmanteladas e custaria bilhões de dólares para restaurá-las. E não faz sentido, tecnologias modernas como OLED e QLED deixaram o plasma muito para trás. Eles oferecem resolução de até 8K, brilho de até vários milhares de nits e baixo consumo de energia, e o QLED também supera e não tem medo de burnout.
Mas o plasma deixou um legado. Suas ideias — pixels autoluminosos, pretos profundos, alto contraste — inspiraram os criadores do OLED. O plasma mostrou que telas grandes podem ser bonitas e de alta qualidade. Sua contribuição continua viva nas televisões de hoje, que continuam sua busca pela imagem perfeita.
E em 2025, que TV escolher?
Com a evolução acelerada da tecnologia, o consumidor moderno tem à disposição opções como OLED, QLED, Mini LED e até MicroLED. A busca por cores mais reais, melhor contraste e eficiência energética continua — mas a semente foi plantada pelas gloriosas e saudosas TVs de plasma.
Você teve uma TV de plasma?
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Referências:
Omdia Display Research Reports (2010–2015)
DisplaySearch Global TV Market Analysis
NPD Group Consumer Electronics Data
“The History of Plasma TV” — IEEE Spectrum
CES Archives, Panasonic Press Releases
LG Press Kit — OLED Introduction (2013)